sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Penso, logo existo

Normalmente, tenho por hábito utilizar neste espaço a ironia para criticar e chamar a atenção sobre a atitude dos nossos políticos (servos do todo poderoso capitalismo controlado por meia dúzia de elites) mas infelizmente, começo a estar esgotado, decepcionado e revoltado pelo que me rodeia, logo decidi deixar aqui um desabafo amargo sobre o meu pensamento actual.


Cogito, ergo sum significa "penso, logo existo"; ou ainda Dubito, ergo cogito, ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo", frase de René Descartes, que desapareceu do vocabulário português, e é com profunda magoa e grande desilusão que chego a esta conclusão.

De facto, o povo português já não existe, já não pensa, olhando a nossa volta só vemos ovelhas parvas trabalhando em regime de escravatura disfarçado pelo distribuir de algumas migalhas que servirão depois para aquisição de bens que nos tornam ainda mais parvos, como a televisão (paga nas taxas audiovisuais e a dobrar nos abonos de televisão por satélite o por cabo, sem falar do inundar de publicidade) que serve a toda hora emissões que competem entre elas o oferecer do maior teor de estupidez (casa dos segredos, Big brother’s, casas da julia & companhia e a lista não acaba ou o futebol que está em todo o lado, novelas e supostos comentadores políticos), dão o nome de cultura, comodidades, conforto a tudo o que serve para fazer dinheiro (as tais migalhas que referi), dão a ilusão de ser proprietário de uma casa que tem que ser melhor que a do vizinho ou o carro que tem que ter mais cavalos para pagar mais taxas de combustível e outras, tudo serve para iludir a independência que não existe. Temos como divindades pessoas como o Cristiano Ronaldo e esquecemos do Grande Mahatma Gandhi ou Luciana Abreu e não se recebe com a devida honra o Sr., Tenzing Gyatso (Dalai Lama actual), há luto nacional pala morte do Sr., Eusébio da Silva Ferreira e passa-se ao lado do enterro do Sr., Nelson Mandela abafado pelo aperto de mão do Barack Obama com Raúl Castro, consegue-se falar na comunicação social durante mais de uma semana sobre as supostas memórias de um dia de escola no sábado do mês de Julho do José Sócrates e não se falou do 16º ano da morte da Madre Teresa de Calcutá. Corta-se pensões a pessoas que já não tem força para lutar para salvar bancos que tem buracos do tamanho do pais de tanto encher os bolsos de quem manda em nós, altera-se o termo “corrupção” que passa de palavra desonrosa para virtude a alcançar. Perde-se tempo, dinheiro e energias a volta do lobby gay para disfarçar e não revelar o desaparecimento do conceito da família, aquelas que ainda existam estão a morrer a fome ou não se constituam por falta de dinheiro, já não há nascimentos nem casamentos, só divórcios. Vende-se ao desbarato a secular, maravilhosa e fantástica língua de Camões (acordo ortográfico) contra o melhoramento do comércio com o Brasil…

O que é que aconteceu para chegarmos a este ponto?

Descartes também disse:” Quando se tem demasiada curiosidade acerca das coisas que se faziam nos séculos passados, fica-se quase sempre na grande ignorância das que têm lugar no presente.” Pois bem é no passado que temos a mania de nos refugiar quando gritamos “viva Portugal” ou “tenho orgulho de ser português” porque estamos a falar dos nossos corajosos antepassados que derrotaram e expulsaram por varias vezes inimigos muito mais poderosos, foram eles que deram a volta ao mundo que descobriram com muita astucia, inteligência e a custo de muito sofrimento como desbravar o mar, que espalharam-se no mundo inteiro… e foi por isso mesmo que já não somos nada a não ser os descendentes dos pobres, dos pelintres, dos cobardes e outro fracotes que aqui ficaram, porque os verdadeiros portugueses deixaram-nos a alguns seculos atrás.

Não tenhamos qualquer dúvida sobre o que temos a correr nas nossas veias, basta para isso saber o lema do português: ”podia ser pior” as únicas palavras utilizadas como desculpa desfarelada para a nossa aceitação de tudo e mais qualquer coisa que nos queram fazer. Somos envejosos, egocêntricos, cobardes mas acima de tudo estúpidos com E grande.

Será castigo divino por termos sido na história um dos povos que mais escravizou?

Será os espíritos e almas desaparecidos em combate ao fim de tantos anos de ditadura?

Não vejo qualquer desculpa para a justificação da nossa passividade perante tantos abusos, com a facilidade de informação que temos ao nosso dispor, por mais analfabetizado que seja o nosso ensino que faz doutores e engenheiros a fornada para ficar bem na fotografia europeia. Só me resta deitar a toalha ao chão e deixar-me convencer, por mais que eu não quero, que somos mesmos atrasados mentais (desculpem as pessoas que realmente nasceram com um problema mental, foi sem ofensas para vós).

Para não acabar com um tiro na cabeça, vou continuar a acreditar que um dia o povo acorde, dê um muro na mesa e comece a utilizar toda a força da democracia (a verdadeira) ou, se necessário, faça uma verdadeira revolução (que não sirva só ao interesse de alguns), que lute para uma vida virada para a sociedade toda em geral e não para o umbigo.

Desculpem o resumo muito pobre que eu faço de estado actual, mas se começo a falar de tudo o que está errado neste mundo de loucos precisava de varias paginas e muitos dias a escrever, isto é só um abrir de olhos para uma introspecção que cada um de nós necessita fazer, olhem com outros olhos a vossa volta e dentro de vós para ver se não acabo por ter alguma razão…

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